As substâncias químicas de referência (SQRs) são substâncias de referência que são aplicadas na avaliação e identificação da conformidade — requerida em diferentes farmacopeias mundiais — dos insumos farmacêuticos e dos medicamentos e reconhecidas pela Anvisa como referência de controle de qualidade nacional.
As SQRs podem ser uma ou a mistura de uma substância química ou biológica em que a identidade, qualidade, pureza, teor e a potência tenham sido comprovados por processos de caracterização.
A realização de um grande número de procedimentos analíticos, descritos nas diversas monografias oficiais, exige o uso destas substâncias possibilitando a identificação, caracterização e/ou atribuição de valores de propriedades e assegurando, assim, a qualidade de matérias-primas e de produtos farmacêuticos.
Falamos mais sobre os tipos de SQR no artigo de hoje, assim como suas aplicações. Confira!
O que diz a RDC 166/2017 sobre as SQRs?
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 166/2017 é a que estabelece os critérios para a validação de métodos analíticos empregados em insumos farmacêuticos, medicamentos e produtos biológicos sem todas as suas fases de produção.
Antes da existência desta RDC, era necessário que houvesse a compra de padrões de referência primário, que são substâncias produzidas por farmacopeias, sendo financeiramente difícil, devido ao alto custo, o que torna inviável para as pequenas indústrias.
Os tipos de SQR e suas aplicações
Existem diferentes tipos de SQR os quais são:
PRIMÁRIO
O padrão primário é o composto ou reagente mais puro, ou seja, possui alto grau de pureza (> 99,9%) que pode ser pesado e utilizado de forma direta. Possui como principal característica a sua fácil obtenção, purificação e dessecação; além de possuir alta solubilidade em solventes previamente estabelecidos.
Seu grau de pureza deve ser comprovado por metodologias analíticas; suas aplicações são basicamente as mesmas que de qualquer outra substância de referência a ser citado neste artigo, identificação e quantificação de analito em determinada amostra como medicamentos, alimentos, água, solo, entre outros.
Poucos compostos preenchem os critérios necessários para serem padrões primários, sendo somente um número limitado disponível comercialmente.
SECUNDÁRIO
O padrão secundário é uma substância que possui qualidade e pureza estabelecidas, após a sua comparação com um padrão de referência primário. Uma solução de padrão secundário é aquela cuja concentração do soluto solubilizado não foi definida por pesagem direta, mas sim pela titulação com uma solução primária.
Em diversos laboratórios e indústrias, os padrões secundários são utilizados em estudos de composição de uma substância e/ou produto.
Além disso, os padrões secundários (assim como os padrões primários) podem ser aplicados em análises clínicas, odontologia, veterinária, universidades, laboratórios de biotecnologia, entre outros.
MRC
O material de referência certificado é um padrão de qualidade dentro da rotina de um laboratório, ou seja, também é chamado de padrão interno.
Sendo as suas aplicações na verificação da exatidão das medições, além de garantir a confiabilidade de resultados obtidos pelas metodologias analíticas.
Estas são as principais aplicabilidade de um MRC, no entanto, pode ser utilizado para verificar o desempenho, validação de metodologias analíticas, calibração e checagens de equipamentos, além da rastreabilidade metrológica.
CARACTERIZADO
Os padrões de referência caracterizados são aqueles que foram caracterizados em processo de validação que deve ser sempre oficializado pela Farmacopeia Brasileira ou por outros compêndios oficiais que são reconhecidos pela ANVISA.
As substâncias químicas de referência caracterizados só podem ser utilizados depois de apresentar relatório de caracterização conclusivo para o lote, além das razões técnicas para escolha dos ensaios que foram empregados além dos dados brutos.
FARMACOPEICO
Os padrões de referência farmacopeico são produtos que possuem uniformidade reconhecida, e são destinados ao uso em ensaios de uma ou mais de suas propriedades vão ser comparadas com a substância teste.
Além disso, estes compostos possuem grau de pureza adequado para o uso que se destinam. Este tipo de padrão analítico destina-se aos ensaios específicos descritos nas monografias farmacopeicas, sem necessitar a comparação com outro padrão.
Processos de produção de padrões secundários
Os padrões secundários podem ser preparados a partir da extração do fármaco do medicamento, por exemplo, pode ser realizada a pulverização de uma quantidade específica de comprimidos do ativo de interesse até a obtenção de um pó fino.
De acordo com a solubilidade do fármaco, é feito a escolha do solvente, o qual é adicionado ao pó e submetido a vórtex e centrifugação logo em seguida. O precipitado é removido e adiciona-se mais um volume especifico do solvente selecionado para uma segunda extração.
A solução é filtrada e levada em banho-maria para que o solvente seja evaporado, com isso, os próximos passos são: a ressuspensão do sólido em água deionizada, congelamento e liofilização.
Após o processo de liofilização, o pó é pesado e seu rendimento de extração é calculado.
Para confirmação da produção de um padrão secundário, é realizado então uma titulação ácido-base em meio não aquoso, além disso, pode-se aplicar este padrão produzido em um teste que o utilize como substância de referência, por exemplo, em uma análise toxicológica de urina.
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